A Dama da Noite
Misteriosa, efêmera e perfumada Dama da Noite
És companheira, então, das borboletas breves! E compreendes, de certo, a relatividade do tempo E deves, em verdade, pensar Como suportamos nós, pequenos humanos... tão pequenos... Vivermos tanto e lutarmos tanto à longevidade Haja que, de certo, não acreditamos, como vós Na eternidade que reside em toda a Criação. Apenas estamos sempre a falar, falar... e conjecturar... E com voz embargada de "quero acreditar" Mas a dúvida nos faz frágeis... e temos medo e pouco crédito. Temos uma imensa dificuldade em crer nas coisas que não podemos tocar Duvidamos até do vento que balança os nossos cabelos e pensamentos. E estamos sempre a querer sermos imortais... e tolos! E em nosso calendário que demarca o tempo - como se isso fosse possível - Sim...! Todos nós acreditamos nele! Levas, então, um ano inteiro a aguardar a volúpia tua de florescer magestosamente linda E és tão rápida... num espetáculo tão breve... E deixas exalar a tua volta perfumes e saudades e desejos do sempre Onde quer que passes... assim... tal as borboletas... Que livram-se dos casulos e libertam-se à sabedoria do tempo. Tempo que não mede-se nas horas. Tempo que não cabe no calendário humano... pequeno. Apenas no tempo - tempo. E eu durmo pouco e observo muito E sei que sou breve... pequeninamente breve. Que venhas, então, Dama da Noite, perfumar-me na minha brevitude... Na minha pequenez humana... E que nasçam em mim assas de borboletas coloridas... Faz-me merecer, Senhor... E que as mesmas levem-me, leve... Ao Infinito Paz. Karla Mello 03 de Junho de 2012
Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 02/06/2012
Alterado em 06/10/2017 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |